Procedimento que une duas vértebras é a principal opção para tratar casos de instabilidade
A coluna cervical, juntamente com a lombar, são as áreas da coluna mais sujeitas a lesões por possuírem uma capacidade de mobilidade maior. As vértebras, discos intervertebrais, músculos, nervos e ligamentos são estruturas que permitem os movimentos de flexão, extensão e rotação do pescoço.
Desse modo, com o passar do tempo e a ocorrência de lesões, pode ocorrer um processo de degeneração nos discos e articulações, o que resulta em patologias como hérnia de disco, estenose cervical e outras alterações que podem gerar instabilidade na coluna.
Uma das formas de tratamentos cirúrgicos mais usuais para esses casos é a descompressão e artrodese cervical. Esse procedimento envolve a descompressão neural e a fixação de duas ou mais vértebras cervicais por meio de implantes, como parafusos, hastes, cages e placas, associados a enxertos ósseos para estabilizar mecanicamente a coluna e devolver a qualidade de vida ao paciente que sofre com dores intensas.
Ainda que a fusão óssea promovida pela artrodese cervical cause certa preocupação por limitar os movimentos da coluna, os benefícios são maiores devido ao alívio da dor e de outros sintomas incapacitantes.
Por quais motivos é necessária uma artrodese cervical?
O processo de degeneração discal, que ocorre principalmente pelo desgaste natural dessa estrutura com o envelhecimento, provoca alterações na coluna que causam compressões neurais, instabilidade e deformidades.
A artrodese cervical é o procedimento mais indicado para devolver a estabilidade à coluna em situações nas quais os tratamentos conservadores não foram capazes de resolver o problema.
O ortopedista especialista em coluna pode indicar a fusão das vértebras cervicais após avaliar criteriosamente cada caso de maneira individual. No geral, as principais condições que podem ser tratadas pelo procedimento são:
- Hérnia de disco cervical;
- Mielopatia cervical espondilótica;
- Estenose espinhal;
- Espondilodiscite (infecção);
- Doença degenerativa do disco, como a hérnia de disco;
- Tumores cervicais;
- Fraturas das vértebras cervicais.
Quais são os tipos de artrodese cervical?
A artrodese cervical pode ser feita por três maneiras diferentes, que dependem do diagnóstico, da condição anatômica do local e da avaliação do caso feita pelo especialista em coluna.
Artrodese cervical anterior (ACDF)
Tipo mais comum de artrodese da coluna cervical (ACDF), no qual o cirurgião faz uma incisão na parte anterior do pescoço para acessar a coluna, remover a estrutura danificada e realizar a fusão entre as vértebras com enxertos ósseos ou dispositivos metálicos.
Esta técnica é utilizada principalmente em casos de hérnias de disco cervical.
Artrodese cervical posterior
Este tipo de artrodese é feito com uma incisão na parte de trás do pescoço, na região da nuca. O cirurgião acessa o local da lesão para remover o disco danificado e possíveis alterações ósseas, além de descomprimir as raízes nervosas antes de realizar a fusão das vértebras.
A artrodese cervical posterior é indicada para tratar:
- Estenose cervical;
- Fraturas;
- Calcificação da coluna;
- Alterações em diferentes níveis da coluna cervical.
Artrodese cervical dupla via
Como o próprio nome indica, esta é uma junção das duas técnicas descritas acima e trata-se de uma cirurgia mais complexa, indicada para casos mais graves de fraturas e deformidades.
Quais são as vantagens e desvantagens?
Quando bem indicada, a artrodese cervical é uma técnica que traz excelentes resultados em relação ao alívio da dor cervical, dor que irradia para os braços, alterações de sensibilidade, entre outros sintomas que prejudicam a qualidade de vida e o bem-estar do paciente.
Como já dissemos, a artrodese é o único tratamento capaz de restaurar a estabilidade da coluna em determinados casos, principalmente os considerados mais graves.
Em contrapartida, o procedimento limita a movimentação do pescoço em determinado segmento da coluna, o que pode sobrecarregar os níveis adjacentes. Porém, esse risco é reduzido e ocorre em uma pequena porcentagem dos pacientes que realizam a artrodese cervical.
Quais são os riscos e complicações?
A cirurgia tem alguns riscos, mas graças à evolução da técnica e à possibilidade de realização de artrodese minimamente invasiva, as complicações são reduzidas. No entanto, os principais riscos são:
- Reações anestésicas;
- Infecções pós-cirúrgicas;
- Danos neurológicos;
- Falha na fusão das vértebras.
Como é o pós-operatório?
Após a alta hospitalar, que costuma ocorrer em até poucos dias, o paciente deve manter repouso e realizar pequenas caminhadas, de acordo com a orientação médica.
Além disso, as sessões de fisioterapia ajudam na reabilitação e fortalecimento da musculatura da região operada. As atividades físicas mais intensas são liberadas gradativamente ou até que o período de consolidação óssea esteja finalizado, o que demora cerca de 3 a 6 meses.
Importância da reabilitação física para a coluna após a artrodese cervical
Um programa de reabilitação física é essencial para fortalecer a musculatura e proteger a coluna de sobrecargas que desgastam as estruturas ósseas. A fisioterapia tem um papel importante nesse ponto, já que os exercícios orientados por um profissional ajudam a melhorar a flexibilidade, força e amplitude dos movimentos.
O Dr. Flávio Zelada é ortopedista especialista em cirurgia da coluna vertebral com grande experiência em procedimentos para tratar problemas da coluna, como a artrodese cervical.
Entre em contato com o Dr. Flávio Zelada e agende já uma consulta.
Fontes:
Bambakidis NC, et al. (2005) Indications for surgical fusion of the cervical and lumbar motion segment. Spine (Phila Pa 1976)
Epstein NE, Agulnick MA. (2022) Review of anterior cervical diskectomy/fusion (ACDF) using different polyetheretherketone (PEEK) cages. Surg Neurol Int.
Youssef JA, et. al. (2019) Outcomes of posterior cervical fusion and decompression: a systematic review and meta-analysis. Spine J.