Doença infecciosa atinge os discos intervertebrais e as vértebras e pode causar uma série de complicações
A espondilodiscite é um processo inflamatório decorrente da infecção da coluna vertebral que atinge os discos intervertebrais e as vértebras associadas a eles. A infecção pode ocorrer pelo contágio por bactérias (chamada de espondilodiscite piogênica) ou pelo mal de Pott, uma das manifestações da tuberculose que afeta a coluna.
Neste conteúdo, vamos entender um pouco mais sobre como a espondilodiscite ocorre e quais tratamentos podem ser realizados. Confira!
Causas e fatores de risco da espondilodiscite
A espondilodiscite pode ser causada pela instalação de bactérias na coluna vertebral, vindas de outras partes do corpo por meio da corrente sanguínea. As origens mais comuns são as infecções do trato urinário e as infecções da pele não tratadas adequadamente, que acabam se disseminando.
Existem, ainda, os casos em que a espondilodiscite é causada pela tuberculose, quando essa doença se manifesta nas vértebras. Nesses casos, a condição é chamada de mal de Pott e pode resultar em consequências para toda a vida do paciente.
Além das causas, existem alguns fatores que aumentam os riscos de desenvolver espondilodiscite. São eles:
- Idade menor que 10 e maior que 60 anos;
- Baixa imunidade;
- Doenças crônicas, como a diabetes;
- Hemodiálise;
- Infecções prévias.
Sintomas comuns da espondilodiscite
Os principais sintomas da espondilodiscite são:
- Dor na região da coluna afetada pela infecção;
- Fadiga;
- Diminuição da força muscular;
- Irradiação da dor para os membros;
- Perda de apetite e de peso;
- Febre.
Geralmente, os sintomas da espondilodiscite se manifestam de forma gradual, começando leves e, com o passar do tempo, tornam-se cada vez mais graves e incapacitantes. Esse início caracteristicamente leve faz com que o diagnóstico precoce da doença seja difícil em muitos casos.
Como o diagnóstico é realizado?
Como mencionado, o diagnóstico da espondilodiscite é quase sempre feito tardiamente, dada a semelhança dos sintomas iniciais com outras doenças da coluna e infecções em geral. Ainda assim, a doença pode ser detectada em exames de imagem, como a ressonância magnética, em que é possível identificar as alterações nos discos intervertebrais causadas pela infecção.
Além dos exames de imagem, podem ser realizados exames laboratoriais de sangue para identificar as alterações e os marcadores que determinam a presença de infecções como a espondilodiscite.
Uma punção guiada para recolher o material afetado pela infecção deve ser realizada, por meio da cultura, para identificar o tipo de espondilodiscite e qual microrganismo está causando a condição. Isso é crucial para estabelecer o tratamento correto.
Quais os tratamentos para espondilodiscite?
O principal objetivo dos tratamentos da espondilodiscite é acabar com a infecção e recuperar a qualidade de vida do paciente, além de evitar as possíveis complicações que podem ocorrer futuramente por causa da doença.
Os casos leves e moderados de espondilodiscite podem ser tratados por meio da administração de medicamentos antibióticos. O tratamento pode durar até 12 semanas e envolver o uso de antibióticos endovenosos e orais. A escolha da substância é determinada pelo tipo de bactéria e a agressividade de infecção.
Algumas medidas para além do uso de medicamentos incluem a fisioterapia, para os casos em que a espondilodiscite resulta em algum grau de instabilidade da coluna vertebral e, também, com a finalidade de recuperar a força e a capacidade de movimentação, além da imobilização, também para os casos de instabilidade.
A fisioterapia, por sua vez, pode ser indicada mesmo após a recuperação da infecção, para auxiliar o paciente a recuperar a estabilidade da coluna e a capacidade de movimentação.
Em que casos o tratamento cirúrgico é indicado?
A cirurgia é uma opção de tratamento para os casos mais graves de espondilodiscite, geralmente quando há lesões medulares, disseminação avançada da infecção ou comprometimento grave da estabilidade da coluna.
Sendo assim, a cirurgia pode ser realizada com diferentes abordagens, com a finalidade drenar abscessos, fazer ressecção de áreas afetadas pela infecção, corrigir deformidades e estabilizar as vértebras. As indicações de cada um dos procedimentos mencionados dependem da forma com que a espondilodiscite está afetando o paciente.
Quais as complicações da espondilodiscite?
Por ser uma doença que se agrava com o passar do tempo, a espondilodiscite não tratada pode levar a uma série de complicações, tais como a deformidade e a instabilidade da coluna, que podem se tornar constantes.
A espondilodiscite também pode levar o paciente a ter déficits neurológicos, uma vez que a condição atinge uma região intensamente ligada ao sistema nervoso, por causa da medula espinhal e de todas as conexões nervosas da região.
Para além disso, assim como toda infecção, a espondilodiscite pode se disseminar de forma generalizada pelo organismo, levando à sepse, uma condição extremamente grave com altos níveis de mortalidade.
Como prevenir a espondilodiscite?
Prevenir a espondilodiscite consiste, muitas vezes, em buscar ações de prevenção das doenças que são suas causas, como as infecções das vias urinárias e da pele. Para isso, é importante ter bons hábitos de vida, alimentação equilibrada, boa hidratação, prática de exercícios físicos, entre outras ações.
Além disso, é fundamental manter a saúde da coluna de forma geral, cuidando da postura, evitando atividades de alto impacto e abandonando o tabagismo.
O Dr. Flávio Zelada é ortopedista especialista no tratamento de doenças da coluna vertebrl, como a espondilodiscite. Entre em contato e agende uma consulta.
Fontes:
Revista Médica de Minas Gerais
Sociedade Brasileira de Coluna