Muitas vezes, a cirurgia de escoliose idiopática é a solução para essa condição que atinge diferentes partes da coluna
A escoliose idiopática é uma condição caracterizada pela curvatura lateral da coluna vertebral, cuja causa específica ainda não está identificada. Essa deformidade afeta a coluna torácica ou lombar. Em casos mais graves, em que a curvatura excede 45 a 50 graus, a cirurgia é frequentemente recomendada.
A cirurgia de escoliose idiopática tem como objetivo corrigir a curvatura e estabilizar a coluna, com osteotomias e artrodese vertebral, prevenindo complicações futuras, como cor pulmonale, disfunções respiratórias e problemas neurológicos. Além disso, o procedimento pode proporcionar uma melhora significativa na estética corporal e na qualidade de vida do paciente.
Embora a cirurgia seja um procedimento complexo, ela é amplamente eficaz para melhorar a funcionalidade da coluna e evitar problemas graves associados à escoliose não tratada.
Se a escoliose está impactando sua saúde ou bem-estar, a cirurgia de correção pode ser a solução necessária para restabelecer sua qualidade de vida e prevenir complicações futuras.
Quem deve fazer a cirurgia para escoliose idiopática?
A cirurgia de escoliose idiopática é indicada para pacientes cuja curvatura da coluna seja superior a 45-50 graus. Isso no caso de adultos, já que em adolescentes em fase de crescimento a decisão de realizar a cirurgia de escoliose idiopática pode ser tomada mesmo com curvaturas entre 40 e 45 graus, dependendo da avaliação detalhada do médico, considerando fatores como a velocidade de progressão da curva e o prognóstico da doença.
O procedimento cirúrgico é recomendado principalmente para interromper a progressão da curva, diminuir a curvatura existente e prevenir outros problemas provenientes que podem afetar negativamente a qualidade de vida do paciente.
Como funciona a cirurgia para escoliose idiopática?
Para começar, a cirurgia de escoliose idiopática é realizada sob anestesia geral e monitorização eletrofisiológica intraoperatória (potencial evocado realizado por equipe de neurofisiologistas que monitora os nervos em tempo real). Ela dura, em média, de quatro a seis horas — dependendo do grau da curvatura da coluna.
Durante a cirurgia, o objetivo principal é realinhar a coluna vertebral através da fusão das vértebras afetadas. Os passos fundamentais do procedimento são:
- Preparação e posicionamento: o paciente é colocado em posição adequada para permitir o acesso à coluna vertebral. Isso é feito geralmente deitado de barriga para baixo.
- Instrumentação: implantes vertebrais como parafusos pediculares e ganchos ósseos são cuidadosamente inseridos nas vértebras afetadas. Esses implantes servem como pontos de apoio para a correção da curva.
- Correção da curva: as vértebras deformadas são então conectadas a duas hastes metálicas longas. Neste momento, são aplicadas manobras específicas para alinhar a coluna, considerando o tipo e a localização da curva, além das preferências do cirurgião.
- Estabilização: após as manobras de redução (correção da curva), as hastes metálicas são unidas aos parafusos e outros dispositivos para manter a coluna alinhada. Em muitos casos, essas estruturas não precisam ser removidas posteriormente.
- Enxertia óssea: enxertos ósseos são colocados entre as vértebras que serão fundidas. Estes enxertos podem ser sintéticos ou retirados do próprio paciente. Eles promovem a fusão das vértebras ao longo do tempo, solidificando a coluna em uma posição corrigida.
Saiba se a cirurgia de escoliose idiopática é indicada par seu caso!
Quais são as vantagens de realizar a cirurgia para escoliose idiopática?
Existem inúmeras vantagens aos pacientes que optam pela cirurgia de escoliose idiopática. Confira abaixo algumas das mais relevantes.
Diminuição da curvatura
A cirurgia de escoliose idiopática reduz significativamente a curvatura da coluna vertebral. Isso é fundamental não somente porque melhora a estética da postura do paciente, mas também porque alivia a pressão sobre estruturas adjacentes da coluna e proporciona um alinhamento mais funcional e equilibrado do tronco.
Interrupção da progressão
Uma das principais vantagens da cirurgia de escoliose idiopática é interromper a progressão da curva escoliótica. Curvas graves tendem a piorar com o tempo, levando a complicações sérias de saúde. A intervenção cirúrgica precoce evita que a curvatura continue piorando, preservando a saúde e funcionalidade da coluna e dos órgãos próximos.
Prevenção de problemas cardíacos, neurológicos e pulmonares
A deformidade da coluna em casos severos de escoliose idiopática pode comprimir órgãos vitais como o coração e os pulmões, além de afetar nervos e músculos. A cirurgia de escoliose idiopática não apenas alivia essa compressão, mas também reduz o risco de desenvolvimento de complicações cardiovasculares, respiratórias e neurológicas, melhorando a saúde geral do paciente a longo prazo.
Melhoria estética
A cirurgia de escoliose idiopática, ao corrigir a curvatura da coluna, melhora bastante a aparência estética do paciente. O procedimento ajuda a restaurar uma postura mais natural e simétrica, gerando um impacto positivo na autoestima e na confiança do paciente.
Aumento na qualidade de vida
Por fim, a cirurgia de escoliose idiopática contribui significativamente para o aumento da qualidade de vida do paciente. Além de melhorar a função física e reduzir a dor associada à deformidade, a cirurgia permite que o paciente retome atividades cotidianas, participe de atividades físicas com mais conforto e tenha uma vida mais ativa e saudável.
Quais os riscos dessa cirurgia?
A cirurgia de escoliose idiopática apresenta alguns riscos associados. Um dos principais está relacionado à intervenção cirúrgica em si, que é um procedimento complexo e invasivo. Sempre existe a chance de complicações durante e após a operação, como infecções, hemorragias, reações adversas à anestesia e problemas respiratórios devido à manipulação da estrutura torácica.
Além disso, existem riscos específicos relacionados aos implantes utilizados na cirurgia, como hastes e parafusos. Eles podem apresentar mau posicionamento, deslocamento, soltura ou até mesmo quebra, exigindo procedimentos adicionais para correção.
Outro risco significativo são possíveis danos à medula espinhal durante o procedimento, o que pode acarretar problemas neurológicos temporários ou permanentes, dependendo da gravidade da lesão.
A escolha de profissionais experientes e uma equipe médica bem-preparada são fundamentais para minimizar esses riscos e garantir uma recuperação segura e bem-sucedida após a cirurgia.
Como é o pós-operatório?
O pós-operatório da cirurgia para escoliose idiopática exige uma recuperação gradual e monitoramento cuidadoso, garantindo boa cicatrização e retorno às atividades normais. Após o procedimento, o paciente é monitorado de perto na unidade de terapia intensiva (UTI) por um curto período para garantir estabilidade.
Nos primeiros dias após a cirurgia é normal sentir dor (de moderada à intensa), que pode ser controlada com analgésicos prescritos pelo médico. Gradualmente, a dor diminui conforme o corpo se recupera e os tecidos cicatrizam. A maioria dos pacientes recebe alta hospitalar em cerca de cinco dias, mas isso varia conforme cada caso.
Durante as semanas seguintes, o paciente pode retomar atividades leves, como caminhar, mas ainda deve evitar esforços físicos intensos. É recomendado o uso de uma cinta pós-operatória por um período determinado para ajudar na estabilização da coluna e facilitar a recuperação.
A volta às atividades normais deve ser indicada pelo médico em consultas de acompanhamento, que são essenciais para monitorar a progressão da cicatrização e ajustar medicações conforme necessário.
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Fontes:
Chen JW, Chanbour H, Gupta R, Izah J, Vaughan WE, Abtahi AM, Zuckerman SL, Stephens BF. Adult versus adolescent idiopathic scoliosis surgery: a meta-analysis of clinical and radiographic outcomes. Eur Spine J. 2024 Apr;33(4):1637-1643. doi: 10.1007/s00586-024-08177-x. Epub 2024 Mar 4. PMID: 38436875.