Condição pode afetar a coluna de pessoas em qualquer idade. Saiba mais.
A palavra espondilolistese tem origem em duas palavras gregas: “spondylos”, que significa “coluna” ou “vértebra”, e “listhesis”, que significa “deslizar ou mover”.
Trata-se de uma condição em que ocorre o deslizamento de uma das vértebras da coluna, o que causa dor e incômodos. Estima-se que cerca de 4% a 6% da população adulta tenha espondilolistese, sendo bastante possível, inclusive, que muitas pessoas convivam com ela sem saber, pois nem sempre a condição apresenta sinais.
Saiba mais sobre os sintomas, causas, tipos, diagnóstico e tratamento da espondilolistese.
Quero aliviar as dores da espondilolistese!
O que é espondilolistese?
A coluna é composta por pequenos ossos, chamados vértebras, que ficam uns sobre os outros e criam as curvas naturais das costas. Esses ossos se conectam para criar um canal que protege a medula espinhal.
Entre essas vértebras existem discos intervertebrais flexíveis que atuam como amortecedores quando a pessoa caminha ou corre. A espondilolistese ocorre quando uma das vértebras da coluna desliza para a frente (ou para trás, o que é menos comum) sobre outra vértebra que está abaixo dela. Essa condição surge com mais frequência na região lombar, ou seja, na parte inferior das costas. Como esse processo pode pressionar um nervo, a espondilolistese pode causar dor lombar ou nas pernas.
Quais são as causas da espondilolistese?
Os principais fatores relacionados à espondilolistese são:
- Idade: o envelhecimento natural pode levar a um desgaste na coluna que causa um enfraquecimento das vértebras. Idosos com doenças degenerativas da coluna vertebral podem estar em maior risco de serem acometidos pela espondilolistese;
- Genética: algumas pessoas com espondilolistese ístmica nascem com vértebras mais finas, que são mais propensas a se fraturar e escorregar. A espondilolistese degenerativa também tem um componente genético;
- Fratura por estresse: muito comum em atletas e ginastas, pelo estresse físico sofrido durante as atividades.
Trate essa condição com um ortopedista especializado!
Tipos de espondilolistese
A espondilolistese pode se manifestar em diferentes tipos, alguns mais comuns e outros mais raros. São eles:
- Congênita: ocorre quando a coluna do bebê não se forma como deveria antes do nascimento. As vértebras desalinhadas colocam a pessoa em risco de espondilolistese na idade adulta;
- Ístmica: ocorre como resultado da espondilólise (fratura por estresse que enfraquece o osso);
- Degenerativa: esse tipo de espondilolistese é o mais comum e ocorre devido ao processo natural de envelhecimento. Com o tempo, os discos que amortecem as vértebras perdem água e vão se tornando mais finos, o que favorece o deslizamento das vértebras;
- Traumática: o deslizamento da vértebra ocorre devido a uma lesão;
- Patológica: esse tipo de espondilolistese está relacionado a uma doença, como a osteoporose ou um tumor;
- Pós-cirúrgica: é o deslizamento como resultado de uma cirurgia da coluna vertebral.
A espondilolistese também é classificada em graus, conforme sua gravidade. O sistema de classificação mais usado é chamado de classificação de Meyerding e inclui:
- Grau I: é definido quando de 1% a 25% da vértebra desliza;
- Grau II: até 50% de deslizamento da vértebra;
- Grau III: até 75%;
- Grau IV: de 76% a 100% de deslizamento da vértebra;
- Grau V: escorregamento completo da vértebra (ela cai na frente da vértebra que está abaixo dela), também conhecido como espondiloptose.
Os graus I e II são considerados de baixo grau. Os demais são considerados de alto grau.
Sintomas da espondilolistese
A espondilolistese é uma condição que nem sempre causa sintomas. Porém, quando a doença é sintomática, pode trazer muito sofrimento ao paciente, e podem surgir:
- Dor na parte inferior das costas, que pode piorar ao ficar em pé ou ao andar, e aliviar ao se sentar ou se curvar para a frente;
- Dor que irradia para as pernas;
- Dor na região dos glúteos;
- Espasmos musculares nos isquiotibiais (músculos localizados na parte de trás das coxas);
- Rigidez nas costas;
- Dormência, fraqueza ou formigamento no pé.
Como é feito o diagnóstico da espondilolistese?
Para o correto diagnóstico da espondilolistese, o médico fará uma avaliação clínica do paciente e dos sintomas apresentados. Caso haja suspeita da condição, três exames são usualmente pedidos:
- Raio-x da coluna vertebral para avaliar se alguma das vértebras se moveu;
- Tomografia computadorizada ou ressonância magnética: avaliam, além dos ossos, tecidos moles, como discos e nervos, oferecendo mais detalhes sobre a coluna.
Tratamento da espondilolistese
Os tratamentos para espondilolistese dependem dos sintomas apresentados e da intensidade com que eles se manifestam, do grau de deslizamento da vértebra, bem como da idade e da saúde geral do paciente. Entre os tratamentos mais comuns, incluem-se:
- Evitar a prática de atividades que possam piorar os sintomas, com hiperextensão da coluna, como ballet clássico e atletismo;
- Medicamentos como analgésicos ou anti-inflamatórios;
- Injeções de medicamentos corticosteroides nas costas para aliviar a dor, a dormência e o formigamento nos membros inferiores;
- Fisioterapia para fortalecimento e alongamento dos músculos das costas e do abdômen;
- Órtese: para crianças com fraturas nas vértebras (espondilólise), é recomendado o uso de uma cinta para restringir o movimento para que as fraturas possam cicatrizar;
- Cirurgia.
Cirurgia da espondilolistese
A cirurgia para tratamento da espondilolistese é indicada apenas quando o tratamento conservador não apresentou resultados ou quando o paciente relata dor intensa. O procedimento é feito em ambiente hospitalar, com anestesia geral, e pode ser realizado por duas técnicas:
- Fusão espinhal: nessa técnica, as duas vértebras são unidas com hastes de metal, parafusos e um enxerto ósseo para evitar que elas deslizem novamente;
- Descompressão lombar: esse procedimento visa aliviar a pressão sobre os nervos espinhais comprimidos. Para isso, o cirurgião pode remover o osso da coluna, retirar parte ou todo um disco intervertebral, ou aumentar a abertura do canal vertebral.
Na maioria dos casos, a dor da espondilolistese desaparece depois que o paciente se recupera totalmente da cirurgia, o que pode levar algumas semanas. O retorno às atividades de rotina deve ser feito gradualmente.
É possível prevenir a espondilolistese?
Existem algumas medidas que ajudam a prevenir a espondilolistese, como:
- Fazer exercícios regulares para fortalecer os músculos das costas e do abdômen;
- Manter um peso saudável. O excesso de peso corporal aumenta a pressão na parte inferior das costas;
- Ter uma dieta equilibrada e saudável que propicie o fortalecimento dos ossos.
Para saber mais sobre espondilolistese, agende uma consulta com o Dr. Flávio Zelada.
Fontes:
Lan Z, Yan J, Yang Y, Xu Q, Jin Q. A Review of the Main Classifications of Lumbar Spondylolisthesis. World Neurosurg. 2023 Mar;171:94-102. doi: 10.1016/j.wneu.2022.12.104. Epub 2022 Dec 28. PMID: 36584893.
Matz PG, Meagher RJ, Lamer T, Tontz WL Jr, Annaswamy TM, Cassidy RC, Cho CH, Dougherty P, Easa JE, Enix DE, Gunnoe BA, Jallo J, Julien TD, Maserati MB, Nucci RC, O’Toole JE, Rosolowski K, Sembrano JN, Villavicencio AT, Witt JP. Guideline summary review: An evidence-based clinical guideline for the diagnosis and treatment of degenerative lumbar spondylolisthesis. Spine J. 2016 Mar;16(3):439-48. doi: 10.1016/j.spinee.2015.11.055. Epub 2015 Dec 8. PMID: 26681351.